Inserido num contexto urbano onde o desenho não resistiu à passagem do tempo, procurou-se restituir uma imagem, refazer um traçado e propor um modo de habitar que não passasse pela ampliação mas sim pela vontade do cliente em habitar aquela escala. Propôs-se um elemento, um eixo vertical que organiza espaços e percursos que convivem numa curta área de implantação.
No logradouro a passagem do tempo tinha montado um cenário “temporariamente” construído para sempre. A leitura de conjunto tinha-se perdido, cada casa foi ampliada na direcção do logradouro e o plano era agora um conjunto de volumes desalinhados de acordo com a vontade de cada proprietário.
A proposta pretendia recuperar a identidade daquele lugar, reconhecendo-lhe a sua qualidade, recuperar o desenho original da volumetria do edifício, repondo o alinhamento inicial entre a casa e o conjunto edificado.
A demolição de volumetrias construiu um novo vazio, outrora existente, que aumentou a área de logradouro, permitiu dar mais privacidade à casa e criar novos enquadramentos para o exterior.
O desenho do espaço interior tinha necessariamente de compreender a escala da pequena área de implantação, no sentido de criar uma matriz funcional de acordo com o programa e com as exigências de um novo habitar e aumentar a percepção do espaço de cada piso. O núcleo estrutural e de acessos definiu a proporção dos espaços e a organização entre si, estabelecendo uma relação de continuidade entre eles e com a envolvente.