O projecto para a Tigre de Papel teve como premissa a compatibilização de duas funções semelhantes, contudo com necessidades muito específicas – livraria e papelaria. Apesar de complementares as duas funções implicaram um enorme esforço de desenho e reorganização espacial, no sentido de evitar que a área reservada à papelaria não diminuísse a presença e a importância do espaço de exposição e venda de livros.
As proporções da loja e a sua posição em relação à rua sugeriram a distribuição do programa no sentido longitudinal e perpendicular à frente de rua, numa sequência entre entrada/montra; papelaria; livraria/caixa multiusos, ficando as áreas técnicas (armazém, copa e instalação sanitária) ocultas junto a uma das paredes laterais.
A gestão dos recursos disponíveis implicou uma forte economia de meios ao nível dos materiais. O branco das paredes e tectos, o mosaico hidráulico (pré-existente e recuperado) e o aglomerado de madeira (OSB) introduzido como novo elemento de ligação e contraste, ajudaram a construir o ambiente e uma linguagem assente sobre uma enorme simplicidade.
A introdução do OSB permitiu, juntamente com o desenho dos tectos e dos pavimentos, reorganizar a estrutura espacial da loja e demarcar os três espaços fundamentais do programa: entrada; papelaria, livraria/caixa multiusos.
Os elementos construídos em OSB (montra, balcão e caixa) fazem a ligação entre os três espaços e constroem uma nova ideia de conforto associada ao equilíbrio entre as cores e as texturas do OSB, do mosaico hidráulico, das paredes e dos tectos.
O desenho da iluminação artificial e a selecção criteriosa de luminárias procuraram retirar o máximo de partido da reflexão de luz indirecta junto às paredes e tectos pintados de branco e reforçar a expressão do OSB exposto à luz directa.
O trabalho do designer Alejandro Levacov para o logótipo e tela publicitária e o quadro da pintora Maria Condado, contribuíram de forma relevante para a imagem e ambiente construídos.