Anjos, Lisboa, 2014

Tigre Papel, Lisboa, 2016

Liverpool, Lisboa, 2009

Paredes, Alenquer, 2017

Zaire, Lisboa, 2011

Valmor, Lisboa, 2017

Escoural, Lisboa, 2010

Av. E.U.A., Lisboa, 2016

Moçambique, Lisboa, 2010

Expo, Lisboa, 2010

Ajuda, Lisboa, 2007

Karmel, Torres Vedras, 2010

Eira da Palma, Tavira, 2009

1 Desde 2007 que tenho vindo a construir um caminho de convergência entre investigação e prática profissional. Enquanto investigador doutorado pela FAUP, tenho trabalhado no âmbito da história da arquitectura portuguesa e, mais recentemente, sobre os processos de participação e os movimentos sociais do pós-25 de Abril. A expressão dos meus projectos tem resultado de uma pesquisa em torno da identidade da arquitectura portuguesa e de um equilíbrio entre o desenho do lugar, a construção de um modo de habitar e uma ideia de conforto.

TPI2

House in Luanda

Protótipo

O protótipo de unidade familiar evolutivo apresentado propõe um volume baixo, de um piso e cobertura inclinada. Desenvolve-se no sentido longitudinal a partir de uma parede de blocos perfurados e de um pátio centralizado. A parede e o pátio estabelecem dois níveis de ligação e relação com o exterior, permitindo uma gestão eficaz do número de vãos e conferindo ao modelo uma escala reduzida, para um habitar em proximidade, ajustado ao contexto angolano.

O desenho de um espaço de estar central – pátio exterior e sala interior – estrutura duas áreas e dois programas distintos. Uma área mais encerrada de dormitórios e uma área comum com espaços de apoio. A área semi-privada é constituída por três dormitórios dimensionados para apropriações variáveis. A área comum é caracterizada por diferentes relações de proximidade com o exterior. As áreas de apoio, colocadas nas extremidades do edifício, permitem a extensão das suas funções, de acordo com o modo de habitar local. A evolução do protótipo pressupõe adicionar um dormitório e um espaço de apoio (lavandaria+arrumos).

O protótipo apresenta uma geometria simples, facilmente compreendida e replicável de acordo com as práticas correntes. Para as paredes elege-se um único material, à cor natural, presente na arquitectura local, autoportante, pré-fabricado e de baixo custo (BTC- blocos de terra compactada), obtendo-se uma construção económica, com um sistema construtivo simplificado, de fácil execução, reduzindo o tempo da obra. Para as portas, portadas, caixilhos e barrotes da cobertura escolhe-se a madeira. Sobre os barrotes colocam-se placas de OSB impermeabilizadas com telas betuminosas. A ligação entre os dois materiais – BTC e Madeira – permite a definição de uma ideia de conforto e de um ambiente amável.

Numa lógica global de economia de meios, a cobertura inclinada e a caleira de pavimento, junto à parede de blocos perfurados, permitem um aproveitamento sustentável das águas pluviais e o seu encaminhamento para depósitos localizados sobre as áreas de apoio e a recolha e condução dos esgotos, garantindo o saneamento básico. A parede de blocos perfurados e o pátio garantem uma ventilação natural transversal, complementar ao eixo de ventilação longitudinal (portas de acesso ao exterior). Para a fachada ventilada é proposta uma cortina impermeável, para protecção da área comum.

A simplicidade do desenho do modelo proposto e a contenção nos detalhes construtivos, representam uma solução eficaz, que possibilita uma construção faseada e evolutiva e a sua apropriação no sentido da autoconstrução e de uma arquitectura participada.

Tecido Urbano

Os esquemas de tecido urbano propostos representam um conjunto de ideias que se pretendem próximas da realidade de Luanda, adaptáveis de acordo com necessidades específicas e no sentido de uma relação de compromisso entre projecto e práxis.

As duas soluções de implantação do protótipo no lote pretendem privilegiar uma escala de proximidade e diferentes configurações de espaços exteriores públicos e comunitários, propondo um processo de transição para a urbanidade ao nível da gestão da coisa comum.

A rua é pensada como um espaço de estar e de interacção, próximo do interior da casa. Foi dada prioridade a ruas estreitas, pedonais, com casas a construir a frente de rua ou pátios abertos para o exterior.

Os logradouros são espaços semi-privados, que promovem o encontro e podem ser geridos de acordo com o número de famílias, o tipo de uso e as necessidades funcionais que estes implicam.

As vias automóveis são reduzidas a um número mínimo essencial ao funcionamento da comunidade e à ligação entre os quarteirões e o tecido urbano envolvente. O estacionamento é localizado em pontos estratégicos dos quarteirões.

Os quarteirões são formados por duas bandas de dez lotes, interrompidas por ruas pedonais, para acesso a serviços e estacionamento. A sua dimensão prevê a integração de equipamentos e a instalação de outros programas complementares ao habitacional. São introduzidas pequenas variações na cota dos muros de limite do lote, no remate dos quarteirões, de modo a abrir o novo tecido urbano ao exterior pré-existente ou futuro.